Uma pequena alegria

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Oi, meu nome é Giovanna, tenho 42 anos e há dois comecei a reaprender a viver.

Sempre tive uma inquietação. Talvez pelo meu passado de tantas mudanças por conta do trabalho do meu pai, acabei me acostumando com mudanças e recomeços. Sonhava em morar fora do Brasil, mas foi quando minha única filha nasceu, que isso se tornou um pensamento cada vez mais constante.

Você já tentou mudar por livre e espontânea vontade? Requer muito esforço e muita coragem, preciso admitir. Também requer muitos sacrifícios. Mudar te tira da zona de conforto, faz a sua mente funcionar em outra frequência e seus olhos vão enxergar as coisas de uma maneira diferente. Aí você se pergunta: PRA QUÊ? E eu te respondo: Para viver melhor! 

Que sonho, né? Então…

Desde quando mudamos para a Alemanha, estamos passando por um longo e turbulento processo de adaptação. Minha filha entrou na escola sem falar o idioma, teve que voltar um ano para ficar como aluna-convidada – uma espécie de intercâmbio, onde as notas não valeram e ela assistia às aulas para aprender o idioma. Neste aspecto, funcionou lindamente. Em outros, nem tanto.

Fazer amigos em uma nova cultura, durante a pré-adolescência pode ser uma tarefa difícil. Não existe fórmula mágica e muito depende de como seu filho vai responder ao novo ambiente e aos novos colegas. Pra minha filha, não foi fácil.

Apesar de ser uma menina muito carinhosa e muito alegre, ela se sentiu intimidada, não gostou de ouvir as risadas dos colegas nas tentativas de falar o novo idioma e se fechou.

Meu coração de mãe ficou em pedaços, fiz tantas reuniões na escola que todos já me conhecem por lá, mas nada mudou. Durante a quarentena, ficou nítida a falta de afinidade dela com as novas amigas. Apesar das (poucas) aulas on-line que tiveram, durante o tempo livre não ouvi minha filha falando com ninguém da escola. Ela só interagiu com as amigas brasileiras.

E então, depois de consultar o terapeuta da minha filha (esse assunto fica para uma próxima), pensar muito e conversar com meu marido, decidi ir à escola para pedir o divórcio. Sim, vejo a escola como um casamento. Demanda tempo, dedicação, paciência e esforço.

Pesquisamos muitos e conseguimos uma nova escola, onde todas as nossas energias estão focadas no momento. O ano letivo alemão começa em setembro e agora estamos iniciando as tão sonhadas férias de verão. Então, vamos curtir os poucos dias de sol que temos no ano e depois retomaremos às preocupações.

Mas, o que tiro disso tudo é que se eu não tivesse um canal tão aberto de troca com a minha filha, talvez ela permanecesse por anos numa escola que não se sente bem, apenas por medo de se abrir comigo.

Mães, ouçam seus filhos.

Nossa primeira reação é pular em cima da informação quando eles dividem algo com a gente, mas se vocês os escutarem, garanto que eles também vão ouvir seus conselhos. Eles querem nossa ajuda e precisam de nosso tempo. Abrace, beije, ampare. Filho foi feito para ser amado mesmo.

Tenho muito pra dividir com vocês, mas nesta primeira conversa resolvi compartilhar esta nossa pequena alegria: Nicky vai mudar de escola! 

Tschüss!

@alemanhaemfamilia

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