Como sobreviver ao primeiro voo com um bebê

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Imagem: Arquivo pessoal da colunista
Imagem: Arquivo pessoal da colunista

Em 6 de janeiro de 2019, tive o dia mais incrível da minha vida, o nascimento do meu primeiro filho. Sempre tive o sonho de ter um parto normal, mas sabia que pelo fato do meu marido morar fora do Brasil, teríamos que planejar o nascimento. Por isso, acabamos escolhendo as 39 semanas para induzir o parto.

 

Depois da 3° tentativa, as contrações vieram loucamente e fizemos tudo o que a minha doula tinha ensinado, já que ela infelizmente não pôde estar presente. Meu marido entrou de cabeça comigo naquele momento, esteve de mãos dadas, dentro e fora do chuveiro a cada contração. Não foi nada fácil, esperei o tempo que consegui e até o momento que a espera estava sendo saudável. Até que chegou o momento de decidir ir para a cesárea, pois não tive mais de 1 cm de dilatação e meu corpo já estava exausto. Santiago chegou lindo, sorrindo com os olhinhos e cheio de saúde! Mesmo com toda a dor foi o melhor sentimento da minha vida.

 

Meu marido conseguiu ficar por 20 dias comigo no Brasil, para fazer parte de cada descoberta do nosso menino, mas infelizmente o dever chamou e ele teve que viajar de volta para o trabalho. Não conseguimos ir com ele, porque o Santiago precisava de visto para entrar no Kuwait. Neste meio tempo, meu marido fez a loucura de nos visitar pelo menos por quatro dias todos os meses. E foram exatamente quatro meses até o visto ficar pronto e pegarmos o primeiro voo de encontro ao papai, que estava nos esperando em Dubai.

 

E é sobre isso que quero falar com vocês nesse texto. Sempre me perguntam sobre a experiência de viajar de avião com um bebê tão pequeno e acho que vale dar algumas dicas. A minha primeira experiência foi num voo de 15h com o bebê de apenas cinco meses.

 

Como vocês devem imaginar, cada bebê pode agir ou reagir de uma forma diferente dentro do avião. A pediatra do Santiago me informou sobre a decolagem, o pouso, as chances de o bebê ter dor no ouvido e as diferentes formas de amenizar essa dorzinha.

 

Eu estava amamentando o Santiago, mas me surgiu uma preocupação: e se ao meu lado estiver uma família de muçulmanos, por exemplo? Como vou amamentar o Santiago no peito? Será que seria falta de respeito? Bom… eu fui preparada com fórmulas na mamadeira, além da chupeta que é a indicação para amenizar a dor de ouvido. Mas lógico que nada como o “tete da mamãe” para acalmar o bebê.

 

A decolagem foi de madrugada, Santiago estava dormindo no meu colo, não sentiu nada. Durante o voo, Santiago dormiu praticamente o tempo todo – como um anjo – no banco comigo. Eu testei colocá-lo no cesto, coloquei o lençol e a coberta dele, mas não me senti bem ao ver o meu bebê lá.

 

Quando eu precisei ir ao banheiro, levei Santiago comigo. Muitas mulheres se ofereceram para segurá-lo para que eu conseguisse ir tranquila, mas eu não consegui deixar meu pequeno na mão de pessoas desconhecidas, mesmo as aeromoças que estavam lá para me ajudar. Entrei no banheiro, abri o trocador, coloquei o trocador portátil e ele ficou deitadinho em cima, dormindo. Não foi fácil, mas funcionou. Com uma mão eu segurei o Santiago e com a outra abri a tampa da privada, peguei papel etc.

 

Voltamos para o assento e as luzes estavam apagadas. O Santiago acordou e então o amamentei com um lenço sobre nós dois. Depois caminhei um pouco com ele no colo para arrotar e ele dormiu novamente. Um detalhe é que ele ficou o tempo todo deitado com o cinto de segurança. Eu me levantei algumas vezes para esticar as pernas e deixei ele dormindo seguro. 

 

Quando a comida chegou pela primeira vez, ele estava dormindo e consegui comer tranquilamente. Já na segunda vez, ele estava acordado e tive que pegar o brinquedinho preferido dele para conseguir comer com tranquilidade. Deixar o bebê no cesto também pode ser uma opção para algumas mães nessa hora.

 

Para trocar o Santiago durante o voo, eu acabei usando o meu próprio assento, mas todos os aviões possuem banheiros com trocador e, sim, normalmente possuem fraldas, caso aconteça de as suas não serem suficientes. Mas faça as contas direitinho da quantidade de roupinhas, fraldas e mamadeiras (caso precisem) para não ter problemas! Dica: É SEMPRE MELHOR SOBRAR DO QUE FALTAR! 

 

Para as mamadeiras, conte de quanto em quanto tempo seu bebê costuma mamar e leve potinhos com fórmula na quantidade correta. Na hora de fazer a mamadeira, você pode pedir para a aeromoça lavar em água fervendo (se não estiver limpa) e depois pedir que misture água quente e fria na mamadeira para que fique morna e não queime a boca do bebê. É só você explicar e eles seguem as orientações.

 

Com as roupinhas eu fiz assim: 2 pijaminhas, 2 bodies de manga comprida, 2 calças, 2 meias, 2 casaquinhos, 1 gorrinho, 3 babadores, 1 coberta, 3 fraldinhas de pano, saquinhos para roupa suja e chupeta extra. Caso você esqueça da chupeta extra e, sem querer, deixe cair no chão, é só pedir para a aeromoça lavar na água fervendo. A lista pode parecer exagerada para um voo, mas não é. Você precisa pensar no ar condicionado que você não pode regular, na quantidade de vezes que ele pode querer mamar por ter sede e regurgitar, no cocô ou o pipi que podem vazar… Também precisa calcular o tempo no aeroporto antes de partir e na chegada, além das horas de voo que, no meu caso, foram 15 horas. 

 

Também é importante não se esquecer de você. Assim como os bebês podem sujar as roupinhas deles, podem sujar as nossas e nos fazer sentir desconfortáveis. Então, nunca deixe de levar mudas de roupas para vocês, pelo menos uma. Organize-se de forma que seja fácil pegar as coisas necessárias. Você pode dividir as coisas em duas malas, uma maior que você pode deixar no compartimento e uma pequena com as coisas mais necessárias para ficar com vocês no assento.

 

Quando o avião começou a pousar, o Santiago estava dormindo. Quando as luzes acenderam eu já pedi que a aeromoça preparasse uma fórmula para mim, porque eu sabia que eram grandes as chances dele acordar. E ele realmente começou a chorar bem alto. Dei a mamadeira e ele mamou em segundos por causa da dorzinha. Quando terminou, tentei a chupeta e ele não quis. O jeito foi colocar um lenço e amamentá-lo para que ficasse mais calmo.

 

Com uma respiração bem sentida, ele foi se acalmando e mamando aos poucos. Ele agarrava o peito para se sentir seguro, não era fome. Assim que pousamos, passou… e ele soltou o peito, deitou-se nos meus braços e dormiu novamente. As pessoas ao meu redor só descobriram que tinha um bebê no voo por causa do pouso, porque o Santiago é um bebê muito tranquilo e não chora por nada. 

 

Chegamos em Dubai e encontramos o meu marido. Ficamos alguns dias no hotel e após uma semana, viajamos para Portugal para começar o processo do passaporte português do Santiago. Isso não foi nada complicado. Ficou tudo pronto em dias, mas lógico que meu marido já tinha ido a Portugal com nossos documentos para fazer o pedido. Fomos lá para retirá-los antes de entrar no Kuwait, já que com o passaporte português seria mais fácil para a entrada do Santiago. Essa segunda viagem de avião foi muito mais fácil, porque estávamos em dois e dividimos as tarefas.

 

Acho que vale falar uma curiosidade sobre a nossa ida para o Kuwait. Nós viajamos de Portugal para Dubai, ficamos algumas horas no aeroporto, e depois de Dubai para o Kuwait. Eu tinha três roupinhas separadas e o Santiago sujou as três. A nossa sorte é que deixamos a calça que estava só um pouco regurgitada na mala e conseguimos trocá-lo, porque o cocô acabou vazando. Imagine se não tivéssemos essa calça extra?

 

Acabei jogando as roupas sujas fora, porque não tinha como manter a roupa dentro da mala. Por isso, pense bem na hora de calcular as roupinhas dos bebês para as viagens e priorize roupinhas confortáveis. 

 

Depois dessa primeira aventura, continuamos a viajar muito. Por isso, aguarde o próximo post em que vou contar como fiz para seguir com a introdução alimentar do Santiago em nossa viagem às Maldivas.

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