Onde foi que eu errei?

Por Silvia Regina Angerami
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Imagem: Pixabay
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Um belo dia, mais cedo ou mais tarde, no meio do processo de educação do seu filho (ou filha), fatalmente você fará a clássica pergunta:
— Onde foi que eu errei?

 

Pode ser quando a gente vê o filho (ou filha) sofrer, sem saber como ajudar. Pode ser quando a gente sente o filho (ou filha) revoltado ou triste, ou com a autoestima abalada, ou inseguro, ou fraco diante dos problemas da vida. Ou fazendo aquela birra no meio do shopping ou do supermercado, porque quer alguma coisa que você não vai comprar.

 

Filhos crescem, viram adultos, têm seus próprios filhos e, ainda assim, a gente sempre os vê como aqueles nossos bebês que amamentamos, acalentamos, carregamos no colo, cuidamos dos machucados e das doenças infantis. Para as mães, eles nunca deixarão de ser aquelas crianças que nos deixavam de cabelo em pé quando não obedeciam, ou quando tiravam notas baixas na escola, mas também aqueles doces bebês que ensaiavam os primeiros passos e faziam suas primeiras conquistas e progressos.

 

Tudo o que as mães mais desejam neste mundo é que seus filhos sejam felizes. Quando chega a maternidade, o foco muda: não somos mais nós no centro do Universo e sim os nossos rebentos.

 

Coração despedaçado
Mas, um belo dia, sua filha declara que ficará 10 dias sem falar com você. Basta isso para o seu coração instantaneamente se despedaçar em mil caquinhos. Colar tudo de volta é difícil, complicado. É aí que você se pergunta:
— Meu Deus do céu, onde foi que eu errei?

 

Não, querida mãe. Preciso te dizer que você não errou. Você deu o seu melhor na árdua tarefa da maternidade. Seu filho (ou filha) precisa apenas de um tempo. Aquele tempo que uma fruta leva para amadurecer e crescer, longe do seu controle e da sua energia. Na prática, você nunca frequentou um curso de como ser uma boa mãe. Você foi vivendo a sua experiência, entre erros e acertos. Em geral, você se baseou na sua experiência como filha.

 

Nu fundo, no fundo, você só tem suas opções: ou repetir tudo o que seus pais fizeram com você, ou fazer tudo diferente. Se quiser fazer tudo diferente, lá vai você se lançar nessa aventura maluca da maternidade, sem paraquedas, saber muito bem se suas palavras e atitudes serão as certas, as melhores, as mais adequadas.

 

Vencedor ou “looser”?
Você se esforça, porque você quer que seus filhos sejam vencedores e se deem bem na vida. Mas hoje em dia, é muito relativo o conceito de se dar bem ou do que é ser um vencedor.

 

Influenciados pela cultura norte-americana, a gente às vezes se deixa contaminar pelo medo de que nossos filhos de tornem uns “loosers” (perdedores). Mas o que seria um looser? Será que todo aquele que não tem um emprego top em uma multinacional é um “looser”? E se o seu filho preferir fazer artesanato e viver com menos, em um sítio no meio do mato? Seria o caso de rotular esse jovem de “looser”?

 

Hoje, quem faz o que ama e não sente necessidade de possuir tantos bens materiais compreendeu direitinho a principal lição da pandemia.

 

Se você leu tudo até aqui, esperando alguma conclusão neste texto, sorry. Ainda não tenho conclusão nenhuma. Só sei dizer que a nossa tarefa é acolher, estar ali para quando nossos filhos resolverem falar de novo com a gente. Pode crer. Esse dia há de chegar. E quando chegar, você vai abraçar essa filha (ou filho) e dirá que estará sempre ali, para o que der e vier. Mesmo porque essa é a mais pura verdade.

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