O tempo e a alegria das pequenas coisas

Por Chris Larroudé
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Imagem: arquivo pessoal da colunista
Imagem: arquivo pessoal da colunista

Não sei como esse período tão extenso de pandemia foi para você, mas para mim foi muito intenso. Sempre tive uma vida muito agitada, saia de casa as 6h30 da manhã e voltava às 20h. Mil compromissos, tempo cronometrado para caber tudo em 24h.

De repente desaceleramos. De cara eu ganhei 2h ou 3h por dia por não ter que pegar transito ou me deslocar para reuniões. De repente passamos a conviver como família 24h por dia. De repente a casa ficou apertada. Cada um num cômodo, com home schoolling, home office, home, home, home e todos juntos o tempo todo.

Paraíso e inferno se alternavam em vários momentos do dia. Para mim foi um período delicioso, apesar de nunca ter trabalhado tanto na vida, apesar de toda insegurança, noites mal dormidas, medo e estresse. Depois de duas semanas de isolamento, minha imunidade caiu, eu tive todos os sintomas de covid, mas foi ´apenas´ uma pneumonia.  E isso me deu um chacoalhão.

Percebi que a pandemia não ia ser tão simples, não ia passar tão logo e aproveitei para colocar a vida em dia. Voltei a malhar, a me cuidar e resolvi fazer cada minuto valer a pena.

Eu me senti privilegiada por poder ver meus filhos estudando… poder testemunhar um pouco da rotina deles, da intimidade deles, de como se comportam quando estão em aula. Quem nunca teve essa curiosidade?

Além disso, poder estar junto e estar pertinho foi um grande presente. Às vezes estava em alguma reunião, olhava para o lado e aquele pequeno sorriso deles, mudava tudo. Sim, para mim as principais memórias da quarentena foram as pequenas coisas… Poder ganhar um beijinho no meio de uma reunião, acompanhar os estudos de perto, fazer as refeições juntos, tomar sol na varanda todos empilhados aproveitando a nesga de sol…

A quarentena nos aproximou de uma forma que nunca imaginei, e pela qual sou grata e sempre guardarei as melhores lembranças. Ela me forçou a ajustar a rota. Descobri dentro de mim uma mãe criativa – nossa varanda virou nosso atelier e tudo virou material de brincadeira. Embalagens, azulejos e até arrisquei comprar argila.

Você já assistiu ´A vida é bela´? Resolvi que ia tentar fazer o máximo para blindar meus filhos…  já era tão restritivo ter a infância furtada dessa maneira – não poder conviver com os amigos, os primos, poder brincar ao sol.

Montamos uma ´rotina´ e abrimos o armário de brinquedos. Nunca havia feito tantos quebra-cabeças na minha vida! E foi uma curtição! Criamos grandes cidades malucas, e finalmente usamos aqueles brinquedos que precisam de bastante tempo para montar.

Acho que esse foi o nosso maior presente. Ganhamos tempo. Isso é valioso. Criamos memórias que vão viver para sempre nos nossos corações. Essa é a grande sacada: viver intensamente todas as oportunidades e tirar o melhor delas.

Ser mãe executiva nem sempre é fácil e sempre haverá um sacrifício de tempo – não tem jeito – mas a minha dica é fazer o tempo que você tem VALER REALMENTE cada segundo.

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