O isolamento social provocado pela pandemia de novo coronavírus fez surgir um alerta para a possibilidade de aumento da obesidade infantil. Isso porque as crianças diminuíram as atividades físicas e, em muitos casos, aumentaram o consumo de comida industrializada. Por isso, ainda que muitas escolas estejam em processo de reabertura, é necessário atentar para a alimentação das crianças, para que abandonem os maus hábitos adquiridos e retomem uma rotina saudável.
A Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) realiza este mês a campanha Setembro Laranja para combater a obesidade infantil. E este ano, a temática está voltada à questão do sedentarismo, principalmente por conta do isolamento social. De acordo com o Ministério da Saúde, 12.9% das crianças brasileiras de 5 a 9 anos são obesas, sendo que crianças acima do peso possuem 75% mais chance de serem adolescentes obesos e 89% dos adolescentes obesos podem se tornar adultos obesos.
“Para evitar o ganho de peso extra é importante organizar uma rotina alimentar para que a criança tenha de 5 a 6 refeições diárias, que respeitem os momentos de fome e evitem o “beliscar” nos intervalos entre as refeições. Além disso, os pais devem tentar seguir um cronograma de atividades físicas, já que os exercícios ajudam a diminuir a ansiedade que faz com que a criança recorra às guloseimas”, explica Marcella Faria Barbosa, gerente nutricionista da GRSA|Compass que presta assessoria para colégios.
A melhoria da alimentação das crianças começa com a organização da despensa e definição de um cardápio. Os pais devem planejar as compras da semana para ofertarem verduras, legumes e frutas frescas e da safra. Na impossibilidade de fazer comida diariamente, a dica é cozinhar alimentos em maior quantidade e congelar.
Outro ponto importante é cuidar do ambiente das refeições. As crianças devem se alimentar em ambiente tranquilo, apropriado e, sempre que possível, com companhia. Elas também devem ficar longe da TV, tablet ou equipamentos eletrônicos, para que não percam a noção de saciedade.
O que servir nos lanches intermediários, em casa ou na escola
- Frutas frescas e da estação
- Legumes como tomatinho cereja, cenourinha baby, batata doce e pepino
- Pães, bolos e biscoitos caseiros com baixa adição de açúcar
- Frango desfiado, pasta de grão de bico, ovinhos de codorna, leite e derivados com baixa quantidade de gordura, como queijo branco e iogurte natural
- Mix de castanhas
- Água, água de coco, suco natural sem açúcar, vitamina de frutas ou smoothie (iogurte ou leite de amêndoas batido com frutas)
A nutricionista lembra que a escola tem um papel fundamental na educação nutricional, começando pela oferta de cardápios balanceados, variados e atrativos. As refeições devem não só atender às necessidades nutricionais, como estimular que as crianças provem alimentos diferentes. “A comunidade escolar também pode promover a boa alimentação por meio de atividades educativas, como oficinas de cozinha experimental, jogos que explorem o conhecimento sobre os alimentos, hortas orgânicas e murais informativos”, explica.
Cuidar da alimentação das crianças desde cedo vai além da questão estética. Uma alimentação inadequada pode levar à carência de vitaminas e minerais. E o excesso de açúcar, gordura e carboidratos pode levar a obesidade infantil e ao desenvolvimento de doenças nas articulações e ossos, diabetes, problemas cardíacos e, até mesmo, câncer na vida adulta.
Para saber mais sobre o assunto, acesse a cartilha sobre obesidade infantil desenvolvida pelo Ministério da Saúde.