Antes mesmo da pandemia ter começado – e já faz quase um ano que estamos nela – eu estava sentindo uma necessidade de ficar mais quieta. Sentindo uma profunda mudança no modo como vejo as coisas.
Eu comecei a trabalhar em mim a questão de como EU ME valorizo. E percebi que a maneira com que eu me valorizava era de acordo com o salário que eu recebia. Fiquei mais de seis anos sem receber um aumento salarial ou bônus (a empresa em que trabalhava não estava bem financeiramente). Então, imagina como eu estava me sentindo? Um fracasso.
Dá-lhe terapia!
Bem, aí veio a pandemia e eu tive que agradecer por ter um emprego, certo? Mas essa mesma pandemia fez com que o meu emprego deixasse de existir. Dentro da empresa me ofereceram uma outra vaga, em outra área, mas com um salário menor.
Como eu nunca me vi sem receber um salário desde os 15 anos de idade, eu disse sim. Mas quando meu marido e eu colocamos as contas na balança, percebemos que quem sairia perdendo com isso, seria a nossa família.
Infelizmente, o salário não ajudaria muito, pois após pagar os impostos, ele iria todo para a babá (como mãe expatriada, nem tenho a opção de deixar as crianças com um parente). Eu já tinha tentado trabalhar de casa sem ajuda, mas não é viável nem para mim, nem para eles. Por isso, pela primeira vez na vida, eu tomei a decisão de dizer não e ficar em casa com meus filhos.
Isso aconteceu em novembro e ainda tem sido uma mistura de sentimentos. Há tempos eu queria sair da empresa, mas sempre pensava em sair com um emprego melhor e que pagasse mais, pois era assim que me sentiria bem, com sucesso né?
Mas tem horas que a vida vem nos ensinar que não somos um cargo ou um sálário, e o que tem valor, na verdade, não tem preço.
Está sendo uma aprendizagem tremenda para mim. Eu lembro que sempre via a babá brincando com as crianças e pensava o quanto eu queria estar no lugar dela, mas hoje com eles em casa, em pandemia e num inverno forte, eu confesso que está sendo bem mais difícil do que eu imaginava.
O ficar com eles é ótimo, mas cuidar da casa e deles, praticamente 24 horas por dia e sete dias por semana, tem sido bem desafiador.
Meu marido não fica muito tempo com eles e neste momento tem trabalhado mais horas extras. Eu confio que tudo tem uma razão de ser e estou procurando maneiras de me adequar à nova rotina de uma maneira que seja bom para todos.
Mas ser mãe em tempo integral é papo para outro dia.
Mais alguma mãe teve que deixar o trabalho por conta da pandemia? Como está sendo?
Vem me contar no @mamaesnagringa ou pelo email rafaela.andre@gmail.com.
