Quando pensamos em imigrar com um pacotinho a tira colo, muitas perguntas surgem. Será que essa pessoa tão pequena vai se adaptar? Como vai ser a absorção da nova cultura e do novo idioma?
Mas, eis que você se pega um dia aprendendo mais sobre a nova língua com a sua criança. Assim, sem mais, nem menos. Eu, que tenho o inglês como segunda língua aprendida basicamente no Brasil, na escola e em cursos idiomas, sou fluente. Mas, uma coisa é certa: falta o toque nativo, a malemolência mesmo. É aí que Francisco tem entrado para me ensinar muito. E a cada expressão nova, música infantil ou brincadeira que fazemos em inglês, ele solta um “great, mom!” acompanhado de palmas para incentivar (e me arrancar um sorriso bobo). Essa troca com ele ainda tão novo tem sido uma das melhores experiências da maternidade para mim, sem dúvida.
Essa fase tem muito a ver com o que já contei aqui sobre como foram os nossos primeiros meses na Nova Zelândia e a certa ansiedade de ver o menino chegando perto do ensino fundamental, a primary school. Desde a última coluna – sim, mais ou menos um mês – eu percebi o quanto a volta às aulas ainda no kindergarten após o segundo lockdown em Auckland vem fazendo efeito no desenvolvimento dele. O salto na alfabetização foi visível. A fluência fica evidente nas brincadeiras com os amigos. Aliás, vê-lo interagir com crianças de diversas nacionalidades e todos eles se comunicando perfeitamente em inglês é a prova de que os pequenos se adaptam muito mais rápido e fácil ao novo idioma e modos locais.
Embora tecnicamente uma educação bilíngue possa ser entendida como uso de dois idiomas como meio de instrução, na prática essa definição não reflete 100% a realidade. De uma forma bem empírica, tenho visto que o aprendizado de um novo idioma ainda na infância se dá na escola. Mas a imersão em um cotidiano bilíngue faz com que a mudança entre os idiomas – na fala – se dê de uma maneira muito natural. Talvez pelas características do lugar onde vivemos agora, já que Auckland é uma cidade essencialmente composta por imigrantes de literalmente todos os cantos do mundo, seja muito tranquilo para as crianças encararem o trânsito entre o idioma falado em casa e a língua usada socialmente.
Acredito então que, se você está pensando em imigrar com filhos – assim que der e a pandemia passar –, coloque seus planos em prática sem muitas inseguranças por eles. Uma coisa é mais do que certa: os pequenos se adaptarão a tudo, inclusive ao novo idioma, muito mais fácil do que você imagina. A experiência vai ser rica para toda a família, mas principalmente para as crianças.