Let’s talk, mom?

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Imagem: Pixabay
Imagem: Pixabay

A maternidade é um desafio diário e disso sabemos bem. Mas, e como é encará-la vivendo em outro país, longe das coisas mais familiares? Bem, nessa coluna eu vou compartilhar com vocês a minha experiência de criar meu filho, o Francisco, na Nova Zelândia. Estamos em Auckland desde 2018 e (nossa!), quantas coisas incríveis vivemos e aprendemos desde então. Claro, muitas situações nos desafiam dia a dia, mas tem valido muito a pena ter e dar essa oportunidade para o meu pequeno.

Sem dúvida, uma das coisas que mais preocupavam antes da família se mudar era se nosso garoto, então com dois anos e meio, iria se adaptar bem ao novo ambiente, estilo de vida e – o mais importante – como ele lidaria com a comunicação em inglês. Àquela altura, Francisco já falava bastante em português, um tagarela mesmo. Mas, como seria se deparar com pessoas falando outro idioma até então desconhecido para ele?

Antes de embarcar, cheguei a pesquisar um pouco sobre o assunto, mas as fontes eram escassas e, para ser sincera, decidi confiar na minha intuição de que ele se adaptaria bem e rápido à nova situação. E foi exatamente isso que aconteceu. No entanto, a decisão de matricular Francisco em um kindergarten (como se chamam as creches aqui) foi crucial nesse processo de adaptação. E não só para ele, pois eu mesma acabei tendo uma das experiências mais ricas da vida trabalhando como reliever – uma assistente –, cuidando de crianças de zero a cinco anos. Como a maioria dos alunos do kindy eram estrangeiros ou filhos de imigrantes, especialmente indianos e chineses, lidar com a educação na primeira infância em um ambiente multilíngue foi meu cotidiano por quase um ano.

No tempo em que trabalhei na creche, pude aprender e exercitar o método play based education – ou, em uma tradução livre, educação baseada em brincadeira -, que é o padrão na Nova Zelândia quando se trata de ensino pré-escolar. E como esse método pode colaborar quando se trata de criar filhos em um ambiente bilingue? Falando de forma superficial, o método se baseia no uso de brincadeiras, materiais audiovisuais, leitura, sensorialidade e vivências para a transmissão de conceitos básicos que preparam a criança para o ambiente escolar. Dessa forma, os princípios de convivência em comunidade, comunicação não violenta, atenção ao bem-estar de todos, cuidados pessoais e com o ambiente, além da concentração são amplamente trabalhados no cotidiano das crianças pequenas.

Se a ideia é introduzir uma nova língua no dia a dia sem que a criança – na primeira infância – abandone seu idioma nativo, utilizar as mesmas ferramentas em casa é muito efetivo. É o que temos feito por aqui com sucesso. Agora, aos cinco anos, Francisco já está fluente em inglês e português. No kindergarten, ele passa cerca de 9 horas durante três dias da semana, imerso no idioma inglês. Além disso, na rua, nos parques, supermercado, sempre que passeamos, ele só ouve e se comunica em inglês com as outras pessoas. No entanto, em casa, falamos – e, óbvio – brincamos em português. Lemos histórias e ouvimos música brasileira. Dessa forma, temos mantido nosso menino em contato com a cultura e o idioma do nosso país.

Agora, um novo desafio está por vir: Francisco irá para a escola primária até o final deste ano. Uma nova etapa vai começar e a alfabetização se iniciará formalmente. No primeiro ano, o sistema mistura play based education com umas pitadas do que para nós é mais familiar no processo de introdução à leitura e escrita. Terei muitas novidades para compartilhar aqui.

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