Nasce um bebê. Nasce também uma nova mãe, um novo pai. Você nunca mais vai esquecer do momento mágico em que olhou aquele rostinho pela primeira vez, ao vivo e em cores. Por mais que as ultrassonografias estejam cada vez mais nítidas, nada se compara ao instante em que você observa aquele rostinho ali do seu lado, aquele serzinho respirando, os detalhes daquela mãozinha, do pezinho… aqueles olhinhos, o cabelinho, tudo inho… Tão vivo, tão vibrante, tão seu (ou sua)… A emoção é mesmo indescritível. Precisa sentir para entender.
Você descobre ali um novo amor, que até então não conhecia. Como é que pode existir um amor assim tão intenso e desconhecido? Claro, você ama seus pais, seus irmãos, sua família e amigos. Em grego, é o amor chamado philia. Pode ser definido como um sentimento sincero, compartilhado, de calor humano, platônico e mutuamente benéfico.
Mas quando os filhos nascem, a gente descobre outro amor, conhecido em grego como storge. É um amor poderoso, eterno, incondicional. Não tem como comparar aos sentimentos que você experimentou antes. Não é parecido nem de perto com o amor que sente pelo seu marido, ou companheiro. Esse amor, muito explorado pelas comédias românticas, é o famoso eros. Essa palavra está relacionada ao que normalmente nós, na nossa pobre linguagem ocidental, associamos à palavra “amor”. Eros é caracterizado pelo romance, paixão e desejo. É o nome grego para o cupido, que atira suas flechas aleatoriamente nas pessoas e causa esse tipo de atração irresistível.
Pode ser que antes de ter experimentado o amor eros, você tenha tido um namorado e que tudo entre vocês era apenas brincadeira. Tudo era diversão sem compromisso, vocês riam juntos. Este tipo de amor tem nome também: ludus. É muito importante haver sintonia entre um casal nesse aspecto. Quando um está a fim de eros e o outro de ludus, costuma não dar muito certo o relacionamento.
Depois de certo tempo de convivência, é comum que o casal já não tenha aquele fogo da paixão do começo, mas, mesmo assim, decidem permanecer juntos. É o amor tranquilo e sereno dos casais que já viveram juntos durante muitos anos, e acham mais prático permanecer juntos, sem ir em busca de novas emoções, de novas aventuras. Esse amor se chama pragma. Vem daí a palavra pragmatismo.
Mas para que todos esses amores aconteçam, é preciso que cada pessoa já tenha desenvolvido um amor chamado philautia, ou o amor próprio. Nessa palavra está também contido aquele narcisismo perigoso, em que a pessoa se ama acima de tudo e de todos. Mas na dose certa todos nós precisamos de amor próprio, pois é só assim que conseguiremos exercitar direitinho os outros tipos de amor.
Você está contando comigo?? Vamos recapitular: philautia, pragma, ludus, eros, storge e philia. Está faltando um! É ágape, o sentido universal do amor que todos nós aspiramos sentir, o amor incondicional para todos os seres vivos, que nos dá o desejo de fazer o bem. Esse sentimento pode nos inspirar a ser voluntários, a salvar o planeta, ou a realizar um simples ato de bondade.
Veja você quantos modelos e tipos de amor a gente pode exercitar nesta vida. Por que então nos atermos a um só? E você? Já experimentou todos esses tipos de amor? Deixe o seu comentário.