Autismo leve: conheça os sintomas e tratamentos disponíveis

Estima-se que cerca de 1% da população mundial tem algum tipo de Transtorno do Espectro Autista
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Imagem: Canva

Hoje (18 de fevereiro) é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Asperger. A data foi escolhida em homenagem ao aniversário de Hans Asperger, pediatra austríaco que escreveu sobre a síndrome pela primeira vez, em 1944. Além da homenagem, a data busca conscientizar sobre esta condição neurobiológica que faz parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e é classificada como uma forma mais branda do quadro. Chamada de autismo leve ou autismo nível 1 pelos especialistas, ela provoca os mesmos sintomas do autismo clássico, mas em uma escala menor.

Os TEA reúnem desordens do desenvolvimento neurológico presentes desde o nascimento ou começo da infância. São definidos por um conjunto de comportamentos que variam em grau e gravidade e marcados por três características principais: dificuldade de socialização; alterações comportamentais como manias, ações repetitivas, apego excessivo a rotinas, interesse intenso em coisas específicas; e dificuldades de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos.

Portadores dessa síndrome ouvem, enxergam e percebem o mundo de forma diferente, pois costumam processar detalhes adicionais ao seu redor, principalmente com os sentidos, fazendo com que sons, cheiros, cores e sentimentos pareçam mais brilhantes, fortes e intensos.

De acordo com dados publicados em 2020 pelo CDC (Center of Deseases Control and Prevention), dos Estados Unidos, cerca de 1% da população mundial tem algum tipo de Transtorno do Espectro Autista. No Brasil, não existem estudos sobre a prevalência do autismo, mas uma lei sancionada em 2109 incluiu perguntas sobre assunto no censo. Estes dados devem ser coletados este ano, uma vez que o Censo 2020 foi adiado por conta da pandemia.

Inteligência que chama atenção

Pessoas com Síndrome de Asperger têm a capacidade de dominar as áreas de conhecimento em que se especializam. Elas têm interesses intensos e são altamente focadas. E esse é um dos motivos que as levam ao sucesso profissional. É o caso do Lionel Messi, jogador de futebol; Michael Phelps, nadador profissional; Van Gogh, pintor; Greta Thunberg, ativista ambiental sueca.

Diagnóstico

As características e sintomas variam de acordo com cada paciente. No entanto, é importante observar sinais como dificuldades de socialização, comunicação social e padrões restritos e repetitivos de comportamentos, atividades ou interesses desde a primeira infância.

Geralmente, o diagnóstico é realizado por uma equipe disciplinar composta por médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogo e neuropsicólogos. De acordo com o doutor Edmundo Clairefont Dias Maia, psiquiatra do Hospital HSANP, obter o diagnóstico o quanto antes e ter o acompanhamento médico é fundamental para que a criança consiga levar a vida da melhor forma possível. “O acompanhamento médico e dos outros profissionais da saúde auxilia no desenvolvimento da criança, dando mais autonomia a ela. Os resultados são perceptíveis na socialização, compreensão e interação social”, reforça.

Desequilíbrio da microbiota intestinal

O diagnóstico de autismo do filho foi preponderante para que o farmacêutico, bioquímico e pós-doutor em microbiologia, Alessandro Silveira, escrevesse o livro “O lado bom das bactérias – O poder invisível que fortalece sua defesa natural para ter uma vida mais feliz e longeva”, que será lançado em breve pela Editora Gente. A descoberta do transtorno de Vitor Hugo e seus desdobramentos foram responsáveis pela primeira quebra de paradigma experimentada por Silveira que foi seguida por muitas outras (como o enfoque maior no poder positivo das bactérias) e que culminou na elaboração do livro.

Em uma das primeiras consultas médicas logo após o diagnóstico de autismo do filho, Silveira foi alertado por uma médica que os parâmetros a partir dos quais ele deveria pensar sobre seu filho deveriam ser diferentes. Vitor Hugo viveria outros padrões de felicidade e Silveira deveria entender e aceitar essa condição para não se frustrar. “Só que minha área de atuação é medicina diagnóstica. Eu estava habituado com os padrões e estes me davam certezas e resultados confiáveis. Para quem estava acostumado com o pensamento linear era aterrorizante pensar em deixar os padrões de lado”, relata Alessando.

O que Silveira não imaginava é que este seria o primeiro passo de uma vida fora de padrões. Quando começou a se deparar com um grande aumento de publicações em revistas científicas renomadas demonstrando o papel das bactérias intestinais nas manifestações de crianças autistas, ele mudou o foco de seu objeto de estudo. “Eu, que venho de uma linha de antibiose, ou seja, de que é necessário matar as bactérias, percebi que nestes microrganismos pode estar a solução do nosso problema”, afirma o especialista.

De acordo com o pós-doutor em microbiologia, o diagnóstico e o tratamento do transtorno de espectro autista (TEA) deve ser buscado na medicina funcional e integrativa, tendo ciência de que as abordagens precisam ser cada vez mais complementares. Nesse sentido, deve-se procurar além do auxílio da médicos, o apoio de outros especialistas, tais como fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e nutricionistas.

Tratamento

A Síndrome de Asperger é uma condição e não uma doença e, por isso, não há cura. No entanto, há diversos tratamentos e intervenção terapêutica que proporcionam oportunidades para os pacientes se desenvolverem e terem uma melhor qualidade de vida. “Cada autista recebe o tratamento individualizado, de acordo com seu caso e suas necessidades, que muitas vezes inclui o uso de remédio para controlar alguns sintomas, como a agitação ou ansiedade excessiva”, afirma Maia.

O médico explica que o acompanhamento de um psicólogo é essencial e um importante aliado nessa jornada, pois possibilita que a pessoa consiga compreender suas experiências, expor suas angústias e medos, além de ajudar a lidar com as próprias emoções. “O acompanhamento é fundamental para ajudar a pessoa a aprender habilidades sociais e superar os mais diversos desafios diários sem o medo do julgamento”, finaliza.

 

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