O menino Brayden Harrington, de 13 anos, roubou a cena na convenção democrata ao contar como Joe Biden, candidato à presidência dos Estados Unidos, o ajudou a lidar com a gagueira. Quando se conheceram há alguns meses em New Hampshire, Biden disse que eles faziam parte do mesmo “clube” e deu dicas para que Harrington se sentisse mais seguro em relação ao distúrbio.
A gagueira é um transtorno de fluência da fala, em que o cérebro tem dificuldade de sinalizar que o som ou a sílaba terminou. Por isso, é muito comum o gago ficar preso no início da palavra. “A gagueira é involuntária e, por mais que se esforce, a pessoa não consegue ter controle sobre sua fala”, explica a otorrinolaringologista Milena Costa.
The Stuttering Foudantion aponta que aproximadamente 5% da população mundial de crianças passa por um período de gagueira que dura em torno de seis meses. A maior parte dessas pessoas consegue se recuperar no final da infância, mas 1% segue com o distúrbio de longo prazo.
A gagueira se manifesta na infância e ocorre principalmente no sexo masculino. E como não é possível saber se a gagueira será transitória ou permanente, os pais devem buscar ajuda especializada para orientação.
Como os pais podem identificar a gagueira?
De acordo com a fonoaudióloga Flávia Perez, é importante que os responsáveis observem o desenvolvimento da fala e não ignorem qualquer sinal de que algo não vai bem. Alguns dos indícios que podem ser observados no discurso da criança:
- Repetição de silabas, como: ‘’BO-BO-BO-BO-la’’;
- Prolongamento dos sons, como: ‘’Chuta a BBBBBola’’;
- Bloqueios caracterizados por ausência de voz e ar por alguns segundos;
- Demora para iniciar a produção de uma palavra ou frase;
- Movimentos involuntários associados com os exemplos anteriores, como: piscar de olhos, tremor de lábios e tensão facial.
Existem diversas abordagens de tratamento para a gagueira na infância que dependem da idade da criança, grau da gagueira, comportamento e disposição familiar, entre outros. “Quanto antes o início do tratamento, melhores as chances de sucesso. Caso não haja o tratamento adequado, a gagueira pode perdurar até a vida adulta, causando vários impactos emocionais e na vida social do indivíduo”, explica a fonoaudióloga.
A médica Milena Costa reforça que, diferentemente do que acontece com outros distúrbios, a gagueira não provoca tanta empatia e solidariedade. Por isso, o gago pode apresentar baixa autoestima, insegurança e dificuldade de se relacionar.