Educar uma criança envolve muitos fatores como o comportamento, educação, costumes, e, inclusive, a forma como a criança se relaciona com a comida. Toda criança é resultado do ambiente em que ela vive e isso interfere diretamente na alimentação delas. O comportamento dos pais diante dos desafios da educação e formação da criança pode ser responsável por criar costumes bons e ruins na vida delas.
Ao sentar-se à mesa, cada família se comporta de uma maneira e todos os atos tendem a perpetuar na vida das crianças. Em muitos casos esses comportamentos são saudáveis para o relacionamento familiar. Segundo Carla Deliberato, fonoaudióloga dedicada ao estudo e tratamento de crianças com seletividade e recusa alimentar, comer é um ato aprendido, ou seja, a criança se torna um reflexo do que ela vivencia diariamente nos hábitos alimentares da família.
Para lidar com esses desafios, cada família replica o que aprendeu e vivenciou com seus pais e talvez aí possa estar o problema. Segundo Carla, no consultório é comum encontrar alguns padrões familiares que prejudicam e podem favorecer o comportamento de recusa e seletividade nas crianças.
Conheça os principais perfis de família e compreenda como isso interfere na vida alimentar da criança:
Permissiva
Paciência é uma virtude que nem sempre é fácil adquirir. Muitos pais com jornadas duplas querem apenas um momento de paz e descanso durante o jantar e para que a criança não atrapalhe a conversa, o momento de descontração ou de tranquilidade, faz trocas com a criança. Para a criança se comportar ou não chorar, dá a ela a opção de comer o que quer, onde quer e quando quer. Outra troca que se tornou frequente é a do celular. Para que a criança coma, os pais preferem deixá-los assistindo durante a refeição. Esse é um ato prejudicial, pois além de prejudicar a relação familiar, tira toda a atenção do que ela está comendo.
Negligente
O trabalho exige muito dos pais, afinal, as contas chegam e para proporcionar uma vida confortável para os filhos muitos trabalham jornadas gigantescas e deixam de participar do dia-a-dia da criança. Por isso, nunca estão presentes em momentos importantes. Isso também influencia na formação da criança, já que sem a autoridade dos pais, as crianças tendem a tomarem decisões por si e optam por uma alimentação desregulada e pouco saudável.
Esses pais muitas vezes não possuem o hábito de cozinhar e, por isso, comem qualquer coisa, de preferência prático e rápido. Quando isso acontece, a criança tende a comer mal e sempre as mesmas coisas como, fast food, macarrão instantâneo, lanches rápidos e salgadinhos, entre outros. O cardápio da criança fica restrito demais e com pouquíssimos nutrientes. Além de ser prejudicial à saúde, a criança tende a recusar novos alimentos, principalmente os que não possuem texturas e sabores marcantes como salgadinhos e fast foods.
Autoritária
Quem nunca, né? A psicologia da chantagem já fez parte da vida de pais e filhos desde que o mundo é mundo. Para convencer a criança a comer, muitos pais chantageiam as crianças, prometendo coisas que nem sempre conseguem cumprir.
Esse é um perfil comum que muitos aprenderam com pais e avós mais autoritários. Durante a refeição os pais percebendo que a criança mostra resistência em comer o alimento, passa a ameaçar com broncas e repreensões. Geralmente, as frases mais comuns são: você não vai sair da mesa enquanto não acabar; tem muita gente passando fome para jogar comida fora; cala boca e come, porque você tem que aprender a comer o que tem; ou se não comer tudo vai ficar de castigo.
Tem também os que não suportam bagunça e sujeira. É inevitável que a criança faça sujeira. Afinal, ela está aprendendo a se relacionar com o alimento. Por isso, a experiência sensorial é algo instintivo. Quando os pais passam a repreender pela bagunça, a criança associa a refeição a um momento de estresse e medo, entre outras emoções. Dessa forma ,ela não se sente à vontade para explorar a refeição e criar uma relação boa com o alimento.
Participativo
Esses pais costumam se interessar pelo universo da criança, entender as dificuldades e construir com eles novos caminhos para todo tipo de dificuldade. Na alimentação, entendem o processo da criança e permitem que ela manifeste suas vontades e faça suas escolhas. Porém, sabem como propor novos desafios e descobertas. Geralmente a relação dos pais participativos na vida dos filhos é harmoniosa e preza pelo respeito entre todos. Este perfil permite que as crianças estejam mais abertas a ouvi-los.