Eleições nos EUA

Por Rafaela Thomsen
Facebook
WhatsApp
Pinterest
Email
Print
Imagem: Freepik
Imagem: Freepik

Eu me tornei cidadã americana em novembro de 2019. Um dos motivos que me levou a fazer o processo de cidadania – que eu poderia ter feito em 2014 quando fiquei elegível ou poderia esperar até 2023 quando meu Green Card venceria – foi para poder votar para presidente em 2020.

Ontem foi o dia da eleição, mas como vocês devem ter acompanhado, foi possível votar bem antes do dia oficial e foi o que eu fiz. Votei pela primeira vez há duas semanas, em 21 de outubro.

Eu sei que as eleições aqui parecem uma bagunça e que é difícil de entender, mas há uma organização. Registrar para votar é fácil. Eu fiz pessoalmente porque acabei de me mudar para o estado da Virginia e ainda não tinha a carteira de motorista daqui. Mas é possível fazer on-line.

Uma vez registrado, como no Brasil, você tem o seu local para votar. A diferença é que você pega uma fila única para entrar e uma vez que você entra, você procura a sala com a letra do seu sobrenome.

Como eu votei antes, o que é considerado absentee vote, havia apenas uma fila e uma sala. Foi rápido e achei o pessoal mais de boa que no Brasil. Fui com meu filho mais novo e todos falaram com ele, deixaram ele entrar comigo na cabine de votação e saímos tranquilamente.

O que achei interessante é que além de votar no papel, a cédula (ballot) é diferente, de acordo com o condado (county) que você mora. Você também responde a várias perguntas sobre legislação local que nos afetam diretamente. Por exemplo, perguntam se o condado deve pedir empréstimos para projetos (eles especificam o valor e o projeto), pois isso influenciará diretamente nos impostos que pagamos. Aí entendi por que demora tanto para votar.

Algo que muitas pessoas me perguntaram e tentarei explicar de uma forma didática é sobre o colégio eleitoral – algo que eu gostaria muito que mudasse e fosse igual em todos os países do mundo, voto popular. Mas, enfim, há muito em jogo para que essa mudança aconteça.

Aqui cada estado tem um peso, que vamos chamar de pontos, e isso varia de acordo com o total da população e há um total de 538 colégios eleitorais. O estado que eu moro, Virginia, tem 13 pontos, que são referentes aos 11 deputados e 2 senadores que representam o estado. Assim, no estado da Virginia, o candidato que tiver mais votos ganha todos os pontos do estado, que são 13, e vence quem ganhar 270 pontos.

Acho justo? Não. Isso faz com que muitas pessoas deixem de votar por acharem que o voto delas não faz diferença, já que há estados com a maioria de um determinado partido. Mas pior que isso é que existe muita coisa por trás de interesses políticos e que dificultam o voto. Além disso, o dia da eleição é um dia normal e muitas pessoas não conseguem votar, porque precisam trabalhar e não têm ajuda em casa com filhos etc.

Eu acredito que hoje temos muito mais informações e entendemos que nosso voto faz diferença no futuro dos nossos filhos. Aqui tem muitos grupos de mães que são ativos politicamente. Por exemplo, um que eu pedi mais informações por ser um tópico que me interesso é o Moms Demand Action, que é um grupo de mães que demanda mais regras e leis relacionadas ao acesso à armas de fogo. Estão sempre enviando informações a respeito das leis, do que é preciso mudar para garantir a segurança das crianças em escolas, e também se posicionam a favor de políticos que são a favor de leis mais rígidas. Além deste grupo, há muitos outros grupos e acho bem legal ver o quanto as pessoas se envolvem, de forma pacífica, e lutam pelo que acreditam.

O resultado das eleições de 2020 saberemos só na sexta-feira. Seja qual for, eu fiquei emocionada em poder votar em um candidato que acredito que faria o melhor para o futuro dos meus filhos.

 

Quer conversar? Manda uma mensagem no meu email rafaela.andre@gmail.com ou me siga no @mamaesnagringa.

 

Artigos relacionados