Data prevista para o parto… Ops!

Por Kissia Siqueira
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Imagem: site Take it from mummy
Imagem: site Take it from mummy

Due date: 12 de agosto de 2019. Para uma brasileira que esteve a vida toda em contato com cesáreas, essa data era certa! Mesmo tendo todos os cursos já alertado que era raríssimo um parto normal acontecer no dia previsto, eu sempre tive essa data na minha cabeça como o dia dele nascer. Pois esse dia chegou. E não aconteceu nada!

Eu parecia o Cleber Machado narrando o Rubinho Barrichello no GP da Áustria em 2002! Só que ao contrário! HOJE SIM! HOJE SIM! HOJE SIM? HOJE NAO! 😐 (Pra quem não conhece essa pérola da internet, clica aqui!)

Minha midwife (fofa!) falou para eu não me desesperar, mas que ela tinha já de deixar agendado com o hospital uma indução caso eu não entrasse em trabalho de parto espontaneamente. Agendou para 2 semanas, dia 22/08. Eu gelei por dentro, porque nos cursos que fiz, sabia que a indução por hormônios artificiais era muito mais dolorida… e a chance de ter de pedir por analgesia e até cesárea seriam muito mais altas. Mas ainda tinham muitas opções em vista para dar aquela ajudinha para o nenê entender que acabou o contrato com o AirBnB!

Minha midwife me aconselhou o seguinte:
  1. Fazer exercícios na bola de pilates. Eu literalmente trabalhei as últimas semanas sentadas nela, assistia tv, ficava o dia todinho pulando. Era o lugar mais confortável.
  2. Caminhar – Estava difícil. A sensação era de carregar uma bola de boliche na bacia, parecia que eu sentia o períneo rasgando – ui! Meu osso também doía pra caramba. Eita, bichinho pesado!
  3. Comer Tâmaras! – 6 por dia! (Hoje não aguento ver na frente! Haha)
  4. Estimular oxitocina naturalmente– Quem quiser ler sobre isso no Google e ver as opções, fique à vontade. Quando você está parecendo uma melancia ambulante sem conseguir sequer amarrar um sapato, nenhuma delas vai parecer viável! Haha

Os dias foram passando. Nada. Nenhuma dor. Nenhum sinal. Não bastasse a minha ansiedade, daí começaram a bombar as mensagens de texto no Facebook, Instagram e todas as redes sociais. “Cadê o nenê?”. Não culpo essas pessoas, pois assim como elas, eu também nasci na cultura do parto marcado. Mas que fique como conselho para o futuro: JAMAIS faça isso com uma mamãe. No parto normal, o bebê escolhe o dia de nascer. E muitas vezes, a mulher vai querer privacidade e introspecção nesse momento. Eu tive de desligar meu celular por completo! Coitado do meu marido, que passou a receber todas as mensagens.

Quando passam das 40 semanas, a midwife nos acompanha quase todos os dias. Ela sugeriu fazer um membrane sweep. Ela sempre explicou que era totalmente opção minha. Tratava-se de uma “manobra” física, parecida com um exame de toque, que ao tocar o colo do útero, o irritaria e liberaria hormônios naturalmente, assim podendo auxiliar a começar o trabalho de parto. Seria a primeiríssima vez estando aqui, que eu faria qualquer exame físico “no andar debaixo”.  Mesmo assim, me parecia melhor que os hormônios artificiais. Bora lá. Ela pediu licença e lá na salinha dela mesmo, o fez.

Não foi horrível. Desconfortável, eu diria? Ali mesmo ela disse que o cérvix não tinha nem começado a amadurecer. Que não tinha nenhuma dilatação ainda. Mas que era absolutamente normal. E que como meu filho estava super baixo, assim que o trabalho de parto começasse, ia ser muito rápido tudo acontecer.

Eu senti umas cólicas depois, mas foi só isso mesmo. Agendei mais um sweep para a semana seguinte! E repeti a experiência. Desta vez um pouquinho mais dolorida e com a boa notícia do cérvix mais maduro. E seguimos assim. Era uma sexta-feira. Eis que na madrugada fui fazer um dos 378923721 xixis do final da gravidez e lá estava ele: o famigerado TAMPÃO!  Oba, agora vai!

Humm, não exatamente. Eu passei o sábado sentindo uma cólica de menstruação. Até pensei: ah, nossa, e só isso? Claro que não, né? Domingo aumentou um pouquinho. Muitas Braxton Hicks. Esses eram os tais dos prodomos. Ainda bem que os cursos já tinham alertado que esse período poderia durar dias ou até semanas!

Eu tentei ir para o hospital no domingo, achando que era a hora. Não estava nem perto! Que frustração! Eu lembrei também de uma parte do curso nos dizendo que a midwife só te admitiria quando você não conseguisse falar no telefone, interrompida pelas contrações.

A dor já era muita. Domingo para segunda-feira, eu dormi na minha bola de pilates. Acordava de 10 em 10 minutos com uma contração dolorida. Eu já estava exausta e o trabalho de parto em si não havia nem começado. Mas foi bom ter ficado em casa o máximo que consegui.

Chegou segunda-feira.  Oficialmente 41 semanas! Wow!
Daí o bicho pegou. A dor começou a ficar bem intensa e eu ficava ora no chuveiro quente, ora com o meu aparelhinho milagroso – caso você queira tentar o parto humanizado, eu te diria que é fundamental ter uma! Outra das maravilhas que aprendi nos cursos daqui! – compre ou alugue uma TENS MACHINE. Mais para frente eu vou fazer um post sobre essa belezinha porque a ela devo muito!

Das 18h em diante eu não lembro direito de mais nada. Só sei que fiquei entre esse horário e umas 22h na cozinha de casa andando em círculos, fazendo uso da minha maquininha. Meu marido medindo para mim o tempo das contrações. Só me lembro de pedir para ir para o hospital, porque dessa vez eu realmente já não conseguia falar.

Tive mais algumas contrações bem fortes a caminho do hospital. Chegando lá, tive mais uma no estacionamento e uma na sala de exame. Dei uma baita sorte de ter mais uma profissional maravilhosa e muito humana, a Susan! Super experiente e calma, ela me analisou novamente e disse “Boas notícias, mamãe! Você está com 6 para 7 centímetros de dilatação! Bem-vinda ao Bluebell Centre!”

Que alegria! Fui admitida! Botei minhas havaianas, entreguei meu plano de parto*, peguei minha mala e fui para o quarto. Comi um Kit-Kat do meu kit de alimentos (também te ensinam isso no curso!), abracei meu marido e disse “Estou com medo!” – e no abraço, minha bolsa se rompeu! Era oficial, Francis estava a caminho!

No próximo post, vou contar sobre o meu plano de parto, a analgesia que eu usei, os métodos menos invasivos, pequenas complicações e a maravilhosa chegada do meu filho, junto à “golden hour”! Até lá!

* Plano de Parto do NHS disponível aqui, para quem tiver curiosidade do que eles consideram à escolha da mulher. Foi fortemente respeitado a aquilo que escolhi – inclusive o corte do cordão umbilical pelo pai e o primeiro som ouvido pelo bebe ser a minha voz.

 

 

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