Como ser mãe e ter uma vida profissional ao mesmo tempo

Por Anne Garcia*
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Anne Garcia / divulgação

A chegada dos filhos a uma família representa uma importante mudança em todos os aspectos. Tive o meu primeiro filho aos 17 anos e vi todos os meus planos mudarem drasticamente, fiquei madura repentinamente e fui forçada a ter mais responsabilidade. Contudo, a chegada do meu filho também foi o gatilho para a realização dos meus sonhos, para conquistar todo o mundo para ele. Em relação ao meu segundo filho, foi mais tranquila, eu estava mais madura e tinha consolidado uma carreira. Estava em uma fase muito frenética e eu preferi parar tudo e me dedicar mais ao meu lado materno. Foi – sem dúvida – a melhor escolha que eu fiz.

A rotina da mulher que é mãe e trabalha fora não é fácil, tanto que alguns pais optam em contratar babás para auxiliarem com esta demanda, já que uma criança precisa de educação, disciplina, carinho e atenção. Na minha visão, as crianças que são educadas por babás têm o comportamento totalmente diferente daquelas que são criadas pelos pais. As babás auxiliam os pais na correria do dia a dia, mas eu não concordo em “terceirizar o papel dos pais”, entendo que as babás ajudam muito, é um ótimo auxílio, desde que seja um trabalho em conjunto, tendo em vista que a participação dos pais é importantíssima para o desenvolvimento das crianças, principalmente na primeira infância. Nós, pais, temos que ficar atentos ao comportamento dos nossos filhos, mesmo que não falem por meio de palavras, podemos observar pelo comportamento.

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, a construção de uma sociedade produtiva e próspera está diretamente relacionada com o investimento realizado nos primeiros anos de vida das crianças, mais especialmente nos três anos iniciais, incluindo a gestação. É neste período que se estabelecem as bases do desenvolvimento físico, intelectual e psicossocial da criança e que oferecerão condições para que se torne um adulto capaz de conduzir com autonomia e prosperidade a sua vida. Ainda segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, este processo é, em parte, decorrente da determinação genética herdada pelo pai e mãe. Entretanto, após o nascimento, a criança passa a estabelecer um relacionamento pessoal com seus cuidadores, que na maior parte das vezes são os próprios pais. É justamente este ambiente familiar que promoverá e facilitará o estabelecimento dos vínculos iniciais do bebê.

No meu ponto de vista, ser mãe e ter uma carreira ao mesmo tempo não é algo fácil, é uma rotina cansativa. Por vezes, a maternidade limita as escolhas profissionais, tendo em vista que qualquer escolha a ser tomada como, por exemplo, uma viagem profissional, envolve o lado materno. Já perdi um trabalho muito importante e também fui recusada em um concurso de beleza na Itália por ter um filho.

Sei também que não é uma tarefa fácil para as mães estarem 100% presentes na educação dos filhos, e não se culpe por isso! Todos sabem, ou deveriam saber, da complexidade em conciliar a maternidade com a vida profissional, que – muitas vezes – são impactadas com influências “externas” e pessoais. Para equilibrar a rotina, eu organizo tudo conforme os horários do meu filho, uma dica que dou para as mães que – como eu – estão nessa dupla jornada, é criar laços com as mamães da escola em que o filho estuda, assim, conseguem se ajudar entre si. Estou falando de criar uma rede de apoio. Pense que, quando necessário, uma busca o filho da outra na escola e este suporte não faz bem apenas para as mães, os filhos também aproveitam para brincar e interagir mais com outras crianças.

O elo entre mãe e filho é algo forte, acredito que não tem como uma mãe desapegar de seu filho. Na minha concepção, normalmente é o filho que se desapega da mãe, no meu caso finjo desapego, para que eles se sintam seguros de si e confiantes, mas estou ali o tempo todo “espiando”. Proteger os filhos é algo que os pais desejam fazer para sempre, mas é preciso deixar que os filhos tomem as suas próprias decisões. Eu aposto muito no diálogo com os meus, essa troca é maravilhosa, pois um entra no universo do outro.
Um conselho que dou aos futuros papais é pensar bem antes de colocar uma criança em sua rotina, tendo em vista que é uma responsabilidade sem volta. Educar é uma tarefa árdua. Educar é um trabalho constante, uma responsabilidade sem fim. Por outro lado, não existe nada melhor que um filho. Amor mais puro não há! Um filho enche a nossa vida de alegria.

Como educar os filhos da geração Z
Na geração Z e Alpha, as crianças nascem expostas a tecnologia, são entretidas pelo uso de aparelhos eletrônicos como: aparelho celular, tablets, notebooks, entre outros. Muitas escolas trocaram o bom e velho caderno e lápis por laptops, os livros são digitais, armazenados em leitores de e-book. Este é um dos principais problemas que os pais do século XXI enfrentam: conseguir controlar o uso dos eletrônicos dos filhos. Segundo a pesquisa Panorama, realizada pela Mobile Time e pela Opinion Box, mostra que crianças brasileiras passam quase 4 horas por dia com smartphone. Para evitar esse problema, dentro da minha rotina, eu busco mostrar aos meus filhos a consequência de suas escolhas e dou o livre arbítrio para que eles façam suas escolhas. Sempre incentivo que façam jogos ou pratiquem atividades ao ar livre.

O papel dos pais na vida dos filhos é: educar, impor limites, amar e ensinar a respeitar ao próximo e ao mundo. Os filhos aprendem muito com os pais, comigo não é diferente, na minha casa há uma troca, ao mesmo tempo que ensino, aprendo – e muito com os meus filhos. É natural que as crianças venham imitar seus pais, eu quis mudar muita coisa na minha vida quando virei mãe, parei para analisar e vi que eu não me considerava um exemplo de pessoa, então quando me tornei mãe mudei para eles. Mudei para que eles pudessem seguir o meu exemplo. O que quero ensinar aos meus filhos é o respeito, a eles e ao próximo! Com respeito e havendo empatia o mundo será melhor.

A criação dos meus filhos foi totalmente diferente um do outro. O meu primeiro filho foi criado pela avó paterna e sou muito grata, pois ela fez um ótimo trabalho mesmo não sendo responsabilidade dela. Fez com todo amor e aprendi muito com ela. Já com o meu segundo filho, eu pude estar presente na educação dele.

Os filhos precisam de cuidado e carinho, e nós pais, familiares ou rede de apoio somos os únicos capazes de suprir esta necessidade. O amor de um filho não se compra e tentar compensar com presentes só faz piorar a situação, traz ansiedade e outros males tantas vezes irreversíveis para a pessoa. Os filhos precisam de amor, atenção, cuidado e limites. Dinheiro, quando eles forem independentes eles trabalharão e conquistarão o seu. Essas são minhas concepções sobre educação.

*Anne Garcia é uma empresária ítalo-brasileira, estilista e influenciadora, divide a vida entre a Itália e o Brasil por conta de seus diversos empreendimentos. Anne morou na Itália por mais de 15 anos, onde adquiriu conhecimento e experiência em moda. Em Roma, Anne estudou moda e aprendeu técnicas handmade (confecção de peças artesanais), onde despertou sua paixão pelo setor. Em 2013, lançou sua linha de biquínis de luxo com detalhes em ouro e diamantes, para a alta sociedade italiana e árabe. Atualmente, na Itália, possui uma produtora de filmes independentes chamada PONNTO PRODUCTION. Considerado um dos pilares de seus negócios, Anne Garcia visa atender seu público com dicas sobre sustentabilidade e preservação do meio ambiente no mundo da moda. Além disso, a empresária planeja lançar coleções que possam ajudar a natureza ao longo dos anos e também para o público LGBTQIAP+.

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