Vai viajar nas férias? Otorrino explica as causas de enjoo nos meios de transporte e dá várias dicas para evitar esse transtorno

Distúrbio, chamado cinetose, é muito comum e atinge mais mulheres e crianças
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Imagem: Freepik
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O período de férias chegou e muita gente vai aproveitar para viajar. Se você está nesse grupo e costuma passar mal de enjoo nos meios de transporte, é bom tomar alguns cuidados para evitar contratempos durante o percurso. A otorrinolaringologista Vanessa Rocha, da Clínica Surgical Medicina Integrada, explica que este desconforto é chamado de cinetose e é mais comum em crianças e mulheres. Alguns cuidados prévios podem melhorar os efeitos causados pelo problema.

A cinetose é a intolerância aos movimentos, um distúrbio muito comum, que pode afetar qualquer pessoa que possua integridade da função labiríntica e seja submetida a um estímulo intenso, mas costuma ser mais prevalente em mulheres e crianças. “A cinetose ocorre porque há um conflito de informações sensoriais. As mensagens captadas pelo sistema visual, labiríntico e somatossensorial (músculos e articulações) são diferentes. Por exemplo: quando estamos dentro de um carro, olhando pela janela e vemos outro carro ao lado acelerando, a visão informa ao cérebro que estamos em movimento, mas o labirinto e o sistema somatossensorial enviam a mensagem que estamos parados”, explica a médica.

De acordo com ela, o conflito das informações é processado pelo cérebro no centro comparador, o qual compara o padrão de movimentos atual com os movimentos contidos na memória. “Caso não haja compatibilidade, ou seja, não haja memória deste padrão de movimento, é ativado o centro do vômito como um mecanismo de defesa contra esta situação desconhecida e potencialmente ameaçadora”, esclarece.

Apesar de a cinetose não possuir cura, tem controle. “No caso das crianças, o amadurecimento do sistema vestibular (que é o conjunto de órgãos do ouvido interno responsáveis pela detecção de movimentos do corpo e pelo equilíbrio), que ocorre na adolescência, pode melhorar os sintomas. Nos adultos, a redução da função labiríntica pelo envelhecimento, a partir dos 50 anos, pode também reduzir os sintomas”, comenta Vanessa.

Técnicas de reabilitação vestibular que expõem os pacientes repetidamente às situações de conflito geram memória e tolerância progressiva aos diferentes padrões de movimento. Segundo a otorrinolaringologista, além do uso de medicamentos prescritos pelo otorrino e dos exercícios de reabilitação labiríntica, é muito importante seguir algumas orientações na hora de viajar:

Durante uma viagem de carro / ônibus / trem:
– prefira dirigir ou andar no banco da frente do carro
– nunca sentar no sentido contrário do movimento do ônibus/ trem
– fixe o olhar no horizonte ou durma durante toda a viagem
– evite olhar para trás ou movimentar muito a cabeça
– não ler, usar celular ou tablet com o carro em movimento
– evite bebidas alcoólicas e refeições volumosas logo antes e durante a viagem
– inicie a medicação no dia anterior à viagem.

Durante viagem de avião:
– prefira assentos próximos a asa do avião (meio da aeronave)
– não ler, usar celular ou tablet com o avião em movimento
– evite bebidas alcoólicas e refeições volumosas logo antes e durante a viagem
– inicie a medicação no dia anterior à viagem.

Durante viagem de navio / cruzeiro:
– prefira cabines centrais e inferiores, onde o navio balança menos
– não ler, usar celular ou tablet com o navio em movimento
– evite bebidas alcoólicas e refeições volumosas durante a viagem
– inicie a medicação 3 dias antes da viagem e mantenha durante todo o período embarcado.

“Para finalizar, é importante que as pessoas que vão viajar no feriado não se esqueçam de que ainda estamos no meio de uma pandemia. Portanto, é fundamental utilizar máscaras, higienizar sempre as mãos, manter o distanciamento social, evitar aglomerações e ambientes fechados”, orienta.

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