Novembro Roxo: o que está por trás dos partos prematuros

Conheça as principais causas e como evitar partos prematuros
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Imagem: Canva
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Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), 20% de todos os nascidos mundialmente são prematuros. E no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, bebês prematuros corresponderam a 12,4% dos nascidos vivos, em 2014, ano em que os dados foram apurados. Por isso, neste mês é realizada a campanha Novembro Roxo de conscientização sobre a prematuridade.

A Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, explica que existem inúmeras causas para a prematuridade, como o diabetes gestacional, a trombofilia, a pré-eclâmpsia causada pela hipertensão arterial sistêmica, problemas placentários e distúrbios da tireoide, entre outras situações.

Diabetes

O diabetes mellitus gestacional, segundo um estudo latino-americano recente, é o mais comum dos problemas metabólicos na gestação. Ele acontece quando a função do pâncreas é insuficiente para superar a resistência à insulina diante da secreção pela placenta de hormônios que causam o diabetes.

Um artigo publicado por pesquisadores da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre mostrou que um terço de todos os partos prematuros em mulheres diabéticas é consequência de complicações hipertensivas e as causas para o aumento nos partos prematuros espontâneos não são muito claras, mas têm sido relacionadas ao mau controle glicêmico, polidrâmnio (excesso de líquido amniótico) ou infecção. O artigo relata, ainda, que existe o aumento de 37% no risco de prematuridade relacionado a cada 1% de aumento na hemoglobina glicada antes do parto. Ou seja, o diabetes leva à pressão alta, ao aumento da glicose no sangue e a infecções e, por isso, o parto é induzido prematuramente.

“É fundamental, portanto, que o diabetes gestacional seja controlado, bem como as pacientes que são diabéticas e engravidam tenham a glicemia controlada, seja pelo uso da metformina ou da insulina. O ginecologista-obstetra, neste caso, trabalha multidisciplinarmente, com o endocrinologista, para manter a estabilidade da saúde da paciente”, explica a Dra. Mariana Rosario.

Trombofilia

Quem tem uma tendência maior à coagulação sanguínea pode ser vítima da trombofilia, uma condição genética ou adquirida que é caracterizada pela circulação reduzida do sangue, que causa os trombos – ou coágulos – que podem obstruir os vasos da placenta e do útero, e causar a morte fetal e o aborto.

No caso do parto prematuro, o que acontece é que a trombofilia pode causar o infarto placentário, uma condição decorrente da interrupção dos trombos nos vasos da placenta. Quando ocorre a trombose, esses vasos ficam como ‘entupidos’ por coágulos e o sangue para de circular, não chegando ao bebê.

Quando esse infarto placentário ocorre num momento da gestação em que é possível realizar o parto prematuro, o bebê nasce. Porém, há casos em que ele ocorre bem no começo da gestação e ocasiona o aborto.

Pré-eclâmpsia

A pré-eclâmpsia é uma combinação de hipertensão e proteinúria (perda de proteína na urina) na gravidez. Quando a mulher hipertensa engravida, ela pode ter o quadro controlado, não desenvolvendo a pré-eclâmpsia. Porém, se a pressão arterial não for controlada, ela pode evoluir para a pré-eclâmpsia superajuntada, uma condição que pode causar não apenas o parto prematuro, como colocar a vida da mãe e do bebê em risco.

Quando a mãe não é hipertensa anteriormente à gravidez, mas desenvolve essa sintomatologia na gestação, ela também deve ser monitorada, para não desenvolver a pré-eclâmpsia – que, aqui, não recebe o nome complementar de superajuntada. A pré-eclâmpsia também pode causar o sofrimento fetal (falta de nutrição adequada do feto pela placenta) e a insuficiência placentária, que provoca o parto prematuro.

Insuficiência placentária

Na insuficiência placentária, a placenta fornece menos suprimento sanguíneo do que o bebê necessita. Pode ser uma condição leve ou mais intensa, que necessitará de bastante repouso materno, e deve ser monitorada constantemente pelo obstetra. “A insuficiência placentária é diagnosticada pelo ultrassom com doppler e causada pela pré-eclâmpsia ou por hipertensão, diabetes, obesidade, uso de determinados medicamentos ou cigarro”, explica Dra. Mariana.

Em casos de insuficiência placentária acentuada, pode surgir um quadro de centralização fetal, em que o organismo do bebê altera a circulação do sangue, mandando um fluxo maior para órgãos como cérebro, coração e determinadas glândulas e menor para os rins, pulmões, baço e esqueleto. É uma forma de o organismo manter o bebê vivo, já que alimenta seus órgãos vitais.

Porém, com essa ‘estratégia orgânica’, o bebê não ganha peso durante a gravidez, tendo seu desenvolvimento comprometido. Quando isso acontece, o ginecologista-obstetra avalia a melhor hora de interromper a gravidez e realizar o parto prematuro, porque a centralização fetal pode ocasionar a morte do bebê.

Outros

Outras situações, como disfunções na tireoide, também podem causar o parto prematuro. Por isso, a mulher precisa ser tratada desde antes da concepção, para que sua gestação seja o mais tranquilo e saudável possível. “O parto prematuro tem muito mais relação com a saúde materna do que com a do bebê, em se tratando da causa. Porém, as consequências são mais fortes para o bebê, porque ele nasce antes da hora e pode ter dificuldades de desenvolvimento”, alerta a especialista. “Com um bom pré-natal, é possível minimizar os riscos, já que todas essas doenças são tratáveis”, diz a médica.

A saúde do bebê prematuro

Nem todos os bebês prematuros terão alguma doença ou deficiência. A maioria deles, principalmente os que nascem tardiamente, ganham peso adequadamente e logo recebem alta.

A Prematuridade – Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – relata que a apneia é um dos problemas que os bebês nascidos com menos de 30 semanas provavelmente terão. Segundo a entidade, pausas na respiração são causadas pela imaturidade da área cerebral que controla a respiração e diminuem com o passar do tempo.

O mesmo ocorre quando um quadro de Taquipneia Transitória ocorre. Neste caso, é a respiração acelerada do bebê que preocupa a família e ela acontece pela imaturidade do aparelho respiratório.  A Prematuridade relata, ainda, problemas visuais, como a retinopatia; alergia à proteína do leite; displasia broncopulmonar; persistência do canal arterial; enterocolite necrosante; hemorragia intracraniana; síndrome da angústia respiratória e bronquiolite como complicações comuns aos prematuros. Essas questões são tratáveis e, se não houver complicação do quadro, o bebê ganha maturidade suficiente para a alta.

Para o desenvolvimento integral do bebê, é fundamental o acompanhamento especializado e o apoio familiar, principalmente após a alta. Bebês prematuros podem ter o sistema imunológico mais frágil e, dependendo do que enfrentaram ao nascer – se passaram por um problema intestinal ou respiratório, por exemplo – precisarão continuar o tratamento em casa.

 

 

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