Tu vens, eu já escuto os teus sinais

Por Chris Larroudé
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Imagem: arquivo pessoal da colunista
Imagem: arquivo pessoal da colunista

Como boa sagitariana eu adoro o mês de dezembro. É meu aniversário, é aniversário do Rapha – meu filho do meio – mas acima de tudo eu adoro o clima de Natal, de fim de ano, de fechamento de ciclo. No meu caso, é uma grande catarse já que meu ano pessoal e o ano gregoriano acabam na mesma época. Tempo de reflexão, de agradecer e de abrir os caminhos para a chegada de Jesus – que vem e faz nova todas as coisas, renova nossas esperanças e transborda amor em nossos corações.

Na minha casa o Natal é marcado por pequenos rituais, porém cheios de significados e que ao longo dos anos criam uma grande memória afetiva, que vão passando de geração para geração. Pequenos gestos. Grandes emoções.

Desde que me entendo por gente, em dezembro meu pai sempre colocava a gente no carro e levava para Bom Jesus de Pirapora – uma pequena cidadezinha, perto de São Paulo, em que uma imagem de Jesus foi encontrada pelos pescadores no Rio Tiete. Era uma visitinha rápida. Comprávamos uma vela do nosso tamanho, ajoelhávamos no altar e agradecíamos tudo o que havíamos recebido naquele ano. Já os pedidos eram mais ´regulados´. Meu pai dizia que não ´podíamos encher o saco do Bom Jesus por besteira´… portanto nunca pedi muita coisa. Sempre pedi por saúde, pelo meu trabalho/ estudo e pelo meu homem de Deus. E Ele sempre foi extremamente generoso com todas as graças que derramou sobre mim.

Meu pai contava que o pai dele fazia a mesma peregrinação, muitas vezes de carroça e antes dele, o pai dele. Não conheci meu avô, pai do meu pai, e minha avó deste lado morreu muito cedo. Por isso, sempre foi muito simbólico para mim. Era como celebrar o Natal com toda a minha árvore genealógica, representada naquela imagem.

Outro sinal que o Natal estava chegando era na casa da minha avó materna. Ela era incrível e fazia os melhores natais… sempre com um cuidado com cada convidado – cada prato era pensado para agradar alguém em especial, como um pequeno presente. Mas o grande presente mesmo era a escolha de quem colocaria o Menino Jesus no berço. Ele só ia para o bercinho na noite de Natal e era a maior honra poder fazer isso.  Essa semana, remexendo na gaveta, achei a foto desse momento e decidi colocá-la para ilustrar a coluna. Destaque para as roupas anos 80 e meu frufru da Pakalolo colocado estrategicamente de lado. Um charme!

Mas sabe o que chama atenção sobre tudo isso? Que nunca foi sobre o presente. Sempre foi sobre o estar junto, sobre celebrar o aniversariante, o Menino Jesus… E agradecer, agradecer imensamente o dom de nossas vidas, as nossas famílias, o amor que nos une.

Todo mundo tem problemas… há anos mais fáceis, outros mais difíceis. Mas o Natal nos traz de volta para o centro, para o coração, para o que verdadeiramente importa. Nos lembra como é gostoso ser solidário, ser caridoso e mostrar para quem, durante o ano todo, esteve ao nosso lado, pequenos gestos de carinho e gratidão. O Natal traz essa pausa necessária na correria de vida, para vivermos o amor, deixando até os corações mais duros, tocados nessa época.

Hoje na minha família tento muito continuar esse legado. Manter essas tradições e essas memórias acessas. Tenho a sorte (ou graça) de ter casado com o Junior, que assim como eu tem o mesmo fascínio pelo Natal. Ele também veio de uma família que coloca o Menino Jesus no berço, que reza junto no Natal e confesso que a minha sogra é a pessoa que tem o maior acervo de Papais Noéis que conheço. O Natal com eles é muito especial. Meu sogro toca saxofone e o Natal não tem hora para acabar. Sempre regado por muitas risadas e boa comida! Os primos, agora estão crescendo, e todos os anos eles fazem uma investigação para descobrir se Papai Noel é de verdade ou não. Mas é só tocar o sino que toda a magia acontece.

Momentos eternos que ficam no nosso coração. Quero muito que, um dia, meus filhos possam escrever um texto com as suas memórias de infância sobre o Natal e que elas sejam recheadas desses valores e sentimentos.

Como católica, meu Natal é muito pautado nas nossas tradições religiosas, mas acredito que independentemente de religiões, essa é uma época muito especial do calendário. Tem uma emoção diferente no ar. É tempo de amor e de esperança! Vamos aproveitar essa vibração para renovar nossos corações. Depois de um ano tão puxado e desafiador, precisamos e merecemos esse empurrãozinho, por um ano melhor.

Desejo a todos um Feliz Natal e que, em 2021, possamos com a cura da COVID, retomar nossas vidas, mais fortalecidos, mais sábios e mais solidários. Nunca ficou tão evidente como somos interdependentes. Precisamos ser melhores. Por nós, por nossos filhos e pelo planeta.

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