Empreendedorismo e autoestima

Por Chris Larroudé
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criança empreendedora
Imagem: Canva

Há algum tempo trouxe a reflexão de como cada filho é um filho. E que ser mãe de três não te deixa pHD em nada, muito menos na criação de filhos. Cada um deles é único e, com o passar do tempo, vão mudando, se transformando e te ensinando a ser uma mãe diferente em cada situação.

Hoje queria falar sobre o Rapha, meu filho de 8 anos. Ele é uma criança inteligente, alegre e muito curiosa. Gosta de descobrir o mundo e a cada hora cria uma brincadeira nova. Com isso, não sobra muito tempo para o videogame ou a televisão.  Ele é o tipo de criança que encanta os adultos pelas suas ideias, seus questionamentos e seus sonhos. E é uma esponja! Muitas vezes me surpreendo com ele imitando as coisas que eu falo em reunião gerenciando agendas e fazendo calls imaginários. Com isso, a veia de negócios aflorou cedo. Ele tem uma grande ambição de ser cientista, e guarda todo dinheiro que ganha para fazer seu próprio negócio quando crescer.

Recentemente ele descobriu uma nova paixão: a confecção de pulseirinhas. E lá foi ele – fez algumas pulseiras e com meu celular fez um story no Instagram falando de sua nova linha ´Raphael Design´ – com modelos para filhos, pais e avós. Já lançou logo uma promoção Leve 3 Pague 2 e logo logo os pedidos começaram a chegar através de amigos e família. Todos encantados com a forma que ele apresentou suas ideias e seu portfolio.

tag Rapha DesignCom isso, a brincadeira foi crescendo. Ele passou o sábado falando com seus clientes – pegando pedidos e produzindo. Chamou atenção o cuidado com cada pedido – da cabeça dele – ele colocava num saquinho e colocava uma TAG ´Obrigado por comprar com nosco´. Ele foi pegando gosto, fez novos vídeos, falando com os clientes e dando dicas. Começou a criar novas cores, ousar com novas combinações e propostas.

Mal posso descrever a carinha dele quando recebeu seu primeiro pagamento. Achou que tinha ficado rico. Foi a oportunidade perfeita para explicar um pouco sobre formação de preço. Entrei com ele no Mercado Livre para que ele pudesse ver o custo dos insumos, dos saquinhos e a organização da logística de envio e um conceito simples de margem de lucro. Pude também tangibilizar para ele como é difícil ganhar dinheiro, e ele pôde calcular quantas pulseirinhas ele precisaria vender para comprar um kit novo.

Pode parecer besteira, mas é tão importante ir educando nossos filhos de noções básicas financeiras. Hoje uma das maiores barreiras aos empreendimentos é a capacidade de precificar os produtos a serem oferecidos. Muita gente esquece de incluir seu próprio trabalho, achando que vender barato vai fazer vender muito. Um erro bastante comum.  Colocar seu preço, do seu trabalho, do seu tempo, do seu estudo e capacitação é chave. E tudo isso tem tudo a ver com autoestima.

Precisamos saber nos valorizar. E isso pode ser difícil para muita gente. Para o Rapha foi. No começo ele tinha inclusive vergonha de falar que gostava de fazer pulseiras.  Tinha medo de julgarem brincadeira de meninas. O sucesso com os ´clientes´ fez ele se sentir mais confortável e confiante.

Isso nos leva a uma outra lição. A gente tem que gostar da gente, do jeito que a gente é, fazendo as coisas que a gente gosta, independentemente de rótulos sociais. E nós, como pais, temos que ter a tranquilidade de deixar as crianças brincarem livres, experimentarem o mundo sem tanta definição binária. Só assim as criaremos indivíduos seguros, felizes, criativos e com uma boa autoestima. Sentir-se errado, não adequado por gostar de coisas diferentes, é a maior causa de infelicidade, de adultos frustrados que não conseguem se realizar pessoalmente e profissionalmente.

Apoie seus filhos, deixem explorar, experimentar, sem culpa e sem rótulos. Muitas vezes é difícil para a gente, que foi criado num mundo mais restritivo. Mas chegou a hora de reescrever essa história. Nossa e deles.

 

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