Educação: seu filho nunca mais aprenderá como antes

Por Camila Fusco
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educação do futuro
Imagem: Canva

Responda rápido: você ficou mais ansiosa durante a pandemia? Teve dificuldade de concentração e sente que seu ritmo ou curva de aprendizado foi comprometido durante meses a fio de isolamento social? É bem possível que você, assim como milhares de outras pessoas, seus parentes, amigos ou filhos, respondam positivamente às perguntas anteriores.

Depois de 2020, a sensação é que nunca mais o aprendizado e os modelos de educação serão como antes. Em meio aos novos contornos comportamentais de pais, alunos e professores, nada mais natural do que os métodos educacionais também sejam reinventados, de forma a abrigar as novas demandas e necessidades dos alunos no pós-pandemia.

Um levantamento recente da Pearson mostrou algumas dessas tendências educacionais que devem ganhar força em 2021:

Nano o quê?

Uma delas é a nanoaprendizagem, já ouviu falar? A era da informação nos bombardeia com informações e distrações, e a dificuldade de concentração que já era enfrentada por muitos se agravou ainda mais na pandemia.

Com isso, cresce o conceito de nanolearning – ou nanoaprendizagem – em que os alunos recebem menores volumes de informação em um determinado período de tempo em plataformas onde já estão acostumados a estar. Ao fracionar os conteúdos, a capacidade de absorção e concentração é potencializada e, com isso, os alunos absorvem melhor a informação. Na sala de aula, isso deve se materializar quando:

  • Os professores identificam as necessidades dos estudantes e miram em atividades que se adequem ao tempo de concentração dos alunos
  • Estabelecem os objetivos concretos de aprendizagem
  • Os conteúdos dialogam com o aluno onde ele está, transicionando entre podcasts, vídeos e textos que consumam entre 2 e 5 minutos cada um do aluno em questão.

É interessante notar que não se trata de diminuir o conteúdo, mas readaptar a sua apresentação àqueles que já estão aprendendo de forma diferente.

Realidade virtual e aumentada

Outra tendência que deve se popularizar é a do uso de realidade aumentada e realidade virtual, com o uso de óculos 3D, por exemplo. Não apenas pelo acesso restrito a locais em que antes eram comuns excursões e visitas guiadas – como museus ou parques -, mas também pelo alto caráter pedagógico imersivo dessas experiências. Inegavelmente a interação virtual com ambientes e conteúdos foi potencializada e a utilização de recursos como esses deve permanecer na fase pós-pandemia. A Pearson indica aplicações principalmente em:

  • Excursões e visitas de campo (aplicação mais óbvia da tecnologia)
  • Imersão em carreiras: coloca o aluno literalmente no lugar de diferentes profissionais, permitindo que faça um test-drive do que é atuar como profissional daquela área (especialmente indicado para os anos finais do Ensino Fundamental 2 e Ensino Médio)
  • Imersões em idiomas: ao colocar o aluno dentro em um cenário virtual em que só se fala ou escuta o idioma em questão, aumenta-se a probabilidade de aprendizado e exposição à língua

Pensando para a vida real

A já comentada aprendizagem por projetos ganha novos contornos ao propor estudos de temas a partir de problemas da vida real. O conceito do “aprenda fazendo” nunca se fez tão necessário como agora, com os professores atuando como facilitadores e promovendo habilidades como pensamento crítico, criatividade, colaboração e comunicação.

Ainda que as salas de aula ainda estejam operando mais no virtual do que no ambiente presencial, tecnologias colaborativas e de interação em tempo real ajudam os alunos a co-construírem soluções para as questões propostas pelos professores das disciplinas. Estão mais confortáveis com essas ferramentas online e, certamente, a transformação digital terá na aprendizagem por projetos um de seus principais recursos.

E no ensino superior?

Mudando o foco para o ensino superior, as mudanças também se delineiam em várias frentes.

A pandemia mostrou que centenas de universidades ao redor do mundo moveram-se rapidamente para o ensino remoto, adotando novos modelos de entrega de conteúdo, experiências e criativas iniciativas remotas para engajar alunos que pararam de ir ao campus. E boa parte das metodologias vêm para ficar.

Segundo um levantamento da McKinsey feito nos Estados Unidos com 4 mil universitários, 45% da base pesquisada afirmaram que tiveram melhor impressão do ensino remoto após a adoção compulsória de novas tecnologias para o ensino. O desafio, no entanto, para as instituições de ensino está em estabelecer qual combinação de currículo presencial e online oferece a melhor qualidade de ensino ao estudante. Segundo a consultoria, uma vez refinado esse modelo híbrido, as universidades têm uma chance única de reconfigurar o uso de seus ambientes virtual e físico. “Eles poderão reduzir o grande espaço de palestras, por exemplo, e convertê-los em pods flexíveis de trabalho, por exemplo”, diz a consultoria.

Além disso, existe uma preocupação maior das universidades em mostrar que o tempo de isolamento social não comprometerá a formação integral do aluno. Segundo Adam Weinberg, professor e presidente da Universidade Denison de Ohio, as instituições estão repensando como garantir que seus alunos remotos possam ser melhor preparados para entrar na força de trabalho, evitando o que está sendo chamado de “formados de pandemia”. O papel de formação mais prática, orientada à absorção dos alunos pelas empresas e composição de um currículo que garanta aprendizagem mesmo para aqueles que passarem a adotar o meio online como principal de seu curso, é algo que estará mais presente nas discussões e estratégias educacionais.

Independentemente do grupo educacional, a verdade é que os modelos de educação devem passar por reformulações sem precedentes nos próximos tempos – a relação da educação infantil com a tecnologia por si só vale um artigo inteiro! Colocar o aluno no centro da experiência, observar seus comportamentos e necessidades, testar e moldar metodologias. Eu, particularmente, sou professora, mãe de 2 alunos de Ensino Fundamental e aluna de mais um curso superior e acredito que sob esses três “chapéus” verei mudanças expressivas.

Acredito na educação menos mecânica e adaptada ao “novo normal” em que resultados efetivos serão aqueles que interpretam a nova forma de aprender dos alunos e, mais do que entregar conteúdo, entreguem experiências capazes de potencializar sua absorção. E você, está preparada?

 

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