Educação Antirracista

Por Angela Cheirosa
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Imagem: Canva
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Uma obrigação de pais negros e brancos. Um direito de crianças negras e brancas.

Frase feita de rede social para falar sobre o combate ao racismo é “ninguém nasce racista”, e eu acredito nisso, somos ensinados. Essa educação racista, que quem está lendo esse artigo pode estar na autodefesa de “Mas eu nunca ensinei meu filho a ser racista”, está entranhada nas falas, nos hábitos, nas práticas, nos espaços e na naturalização da hierarquia entre raças. No cotidiano reproduz-se um racismo estrutural, que apesar de negado com veemência por quem pratica, é passado de geração em geração.

E por falar em frases de impacto, para começar a falar em educação antirracista, Mandela afirma:  “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender”. E se é possível ensinar a ser racista, desconstruir também é possível.

Crianças negras têm sua infância marcada por dores, que só quem é negro conhece: nunca ser escolhida em nenhum concurso de beleza; não ocupar lugar de destaque, mesmo se esforçando muito; não receber elogios; perceber que a professora é mais carinhosa com os coleguinhas; ter seu cabelo e traços físicos como motivo de piada; ver quem deveria defendê-los ser conivente e omisso, atrás da máxima de “são apenas crianças”. Escola que deveria ser lugar seguro para crianças se torna o primeiro ambiente abusivo para crianças negras. Crianças na escola reproduzem a educação que têm em casa.

Por outro lado, crianças brancas passam a vida inteira sem referências de pessoas negras em lugar de protagonismo e sempre de subserviência. As falas e atitudes que elas têm acesso, reproduzem um racismo normalizado socialmente e que as ensinam como as relações funcionam. As bolhas que se formam, sejam nos núcleos familiares ou educacionais, não permitem a inclusão de diversidade e o respeito às diferenças. Criança aprende pelo exemplo e nos dois extremos, seja pela falta de oportunidade ou pela falta de referência, as barreiras se multiplicam.

Mas como educar criança para ser antirracista?

Educação não é função exclusiva da escola, mas esta é parte fundamental do processo. Inserir diversidade na grade curricular, discutir aberta e sinceramente questões raciais no cotidiano escolar é importante. Contudo, nada disso surtirá efeito se em casa, as práticas forem diferentes do aprendido no ambiente escolar.

Educação antirracista perpassa pelo exame de consciência e de práticas do adulto que educa. Desde o reconhecimento de privilégios, da atenção dada para as pautas sobre diversidade até a atenção dada às falas e práticas que reproduzem racismo, mesmo sem intenção.

Por outro lado, crianças negras são ensinadas, desde cedo, a se defender, a não chorar, a não se calar e pedir ajuda. Porque o racismo não respeita idade, ele nos atravessa a todo momento, mesmo que a gente nem entenda direito quem ele é.

Ler, se informar, questionar, tentar fazer parte da solução e não minimizar a dor do outro são caminhos pra uma educação mais inclusiva e democrática. Criança racista, independentemente da cor, é uma pessoa em sofrimento e todos precisam fazer parte da solução.

 

 

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