Bebês de até um ano de idade são as maiores vítimas de engasgos

O levantamento foi realizado a partir de dados do DATASUS, do Ministério da Saúde
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Imagem: divulgação
Imagem: divulgação

Um levantamento feito pela Universidade Veiga de Almeida (UVA), do Rio de Janeiro — a partir de dados do Ministério da Saúde — mostrou um dado alarmante: bebês de até um ano são as maiores vítimas de engasgos no Brasil. De acordo com a pesquisa, foram 185 ocorrências de engasgos nessa faixa etária, em 2022. Os dados, usados para a análise, constam do Painel de Monitoramento da Mortalidade CID-10 – DATASUS, do Ministério da Saúde. A médica pós-graduada em Pediatria, Dra. Ana Jannuzzi explica que nos casos de engasgo em bebês é essencial saber como fazer a Manobra de Heimlich.

“A faixa etária que tem maior risco de engasgos é o das crianças abaixo de 4 anos. Isso porque elas têm o maior hábito de levar objetos na boca. Elas também não têm ainda os dentes molares, que servem para a mastigação de certos alimentos. Além disso, ainda falta a elas o mecanismo de coordenação da deglutição aprimorado. Junto a tudo isso, a laringe que é mais elevada e o reflexo de tosse que ainda não está plenamente desenvolvido. Sabendo destes fatores, tão fundamental quanto saber resolver um engasgo é saber como diminuir seus riscos. Algumas medidas de proteção contra engasgos são: evitar a introdução alimentar antes dos seis meses da criança, não oferecer alimentos redondos (cortar em quatro pedaços, na vertical), não alimentar a criança na frente da televisão ou celular, para que ela não se distraia durante a refeição, evitar alimentos muito duros e difíceis de cortar com o dente, ter atenção aos pequenos objetos que podem se soltar e serem levados à boca”, alerta a Dra. Ana Jannuzzi.

Pesquisa do SUS já tinha revelado altos números e desconhecimento dos sinais de engasgos
Anteriormente, um estudo do Sistema Único de Saúde (SUS) já tinha revelado que, entre 2009 e 2019, que das mortes por engasgo notificadas, 72% eram bebês menores de 1 ano. Além disso, de acordo com a pesquisa, o local onde ocorreram os engasgos que levaram a morte dos bebês são variados, mas em 35,98% dos casos foi no domicílio da família, e em 4,14% em outros locais.

O estudo do SUS também revelou um desconhecimento dos sinais que indicam engasgo nas crianças. Isso porque 41,8% das mães disseram que não reconheceram a crise de tosse como uma das manifestações do engasgo. Outra questão é o despreparo para lidar com a situação. Quando o público são os profissionais de saúde, 70% disseram não saber o que fazer quando presenciaram um engasgo (mesmo os que já tinham participado de treinamentos).

“É importante identificar os sinais de engasgo. O bebê fica arroxeado, não consegue emitir sons, fica paralisado e faz uma cara de desespero. No caso de um engasgo parcial, pode haver uma crise de tosse. Identificados esses sintomas, ele precisa de ajuda imediata. Não adianta soprar o bebê, colocar os braços dele para cima ou gritar com a criança. Isso tudo só piora a situação e você perde tempo. E sabemos que nesses casos tempo é essencial. O primeiro passo é sempre manter a calma e pedir ajuda. Grite. Chame os vizinhos. Avise sobre o engasgo. E comece a realizar a manobra ao passo que você se dirige para um local de saúde. Se você já conhece a manobra, antes mesmo que ocorra algum caso de engasgo, teste o procedimento para ter certeza de que você sabe o que fazer”, conclui a médica Ana Jannuzzi.

Segundo a Dra. Ana Jannuzzi, uma fonte de pesquisa para saber como atuar no caso de engasgos, é uma cartilha, feita pela Universidade de São Paulo.

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