Crianças em situação de vulnerabilidade têm mais chances de apresentarem problemas de saúde mental. É o que mostra o estudo inédito “O impacto da pandemia da Covid-19 no aprendizado e bem-estar das crianças“, produzido pela equipe de pesquisadores Laboratório de Pesquisas em Oportunidades Educacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LaPOpE/UFRJ) e financiado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
Segundo os dados, aproximadamente um quinto (19,4%) das crianças de até cinco anos estão nos níveis de risco/atenção no que se refere à saúde mental. As que possuem um nível socioeconômico mais baixo tem 88% mais chances de apresentarem problemas emocionais e de saúde mental em comparação às de nível socioeconômico mais alto.
De acordo com a publicação, o uso excessivo de telas é um dos fatores que pode contribuir negativamente para a saúde mental dos pequenos. No total, 52% dos responsáveis relataram que as crianças aumentaram o tempo diante da tela durante o período de interrupção das atividades presenciais.
Crianças que passam 4 horas ou mais por dia na frente de computadores, smartphones ou tablets tem uma probabilidade 85% maior de pertencerem ao grupo de risco. Esse é um achado que corrobora estudos internacionais e nacionais e sugere que responsáveis e educadores devem minimizar a exposição das crianças às telas durante toda a primeira infância.
O estudo verificou que muitas crianças não fazem atividade física todos os dias da semana. De acordo com o relato dos responsáveis, 43,6% das crianças realizaram menos atividades físicas durante a pandemia e 55,2% realizaram menos atividades ao ar livre.
Os pesquisadores reforçam a importância de incluir na rotina das crianças experiências e brincadeiras que não envolvam o uso da tela, e garantam oportunidade de movimento e prática regular de atividades físicas preferencialmente ao ar livre e em contato com a natureza.
Apoiada e financiada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, a pesquisa é um trabalho realizado pelos pesquisadores Mariane Koslinski e Tiago Bartholo, do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais (LAPOPE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.