O ser humano em toda a sua complexidade e diversidade demanda, cada um de sua forma e tempo, estratégias específicas no processo de aprendizagem. Educar vai muito além dos conteúdos aprendidos em sala de aula ou dos valores ensinados nos ambientes familiares. As pessoas aprendem pelo exemplo, por associação e relação. É o conjunto de todas essas estratégias que formam o caráter, os sonhos, as crenças e a personalidade das pessoas. Paulo Freire afirma que “A leitura de mundo, precede a leitura da palavra” e educar é mostrar um mundo de possibilidades.
No universo infantil, essa associação é automática. Curiosas e abertas ao novo, crianças percebem e associam tudo ao seu redor: o meio, as referências, os exemplos e os contatos estabelecidos são fontes ricas de aprendizado.
Essa introdução foi para contextualizar a importância da Representatividade. Ter referências de suas características associadas a coisas boas e edificantes, fortalece a autoestima, a autopercepção e os sonhos das crianças, mas às vezes, essas referências são escassas para crianças negras.
Nesse sentido, é importante diferenciar dois conceitos: Representação e Representatividade. A presença de pessoas negras nos ambientes, por si só, não significa representatividade. Para ser representativo, precisa haver protagonismo. Por exemplo: em um comercial de TV, em que há um produto, uma equipe de marketing, uma equipe de produção e atores, se uma pessoa negra está no fundo fazendo figuração, servindo cafezinho ou operando a câmera (que são profissões dignas e importantes) elas são representação de pessoas negras nesse ambiente de trabalho. Para se configurar Representatividade de fato, pessoas negras precisam ter poder de decisão, visibilidade e relevância nesse ambiente. Representatividade traz consigo protagonismo. Logo, crianças negras precisam de referências representativas.
Ter contato com profissionais negros, pessoas negras de sucesso e professores. Ver pessoas na televisão e nas capas de revistas com suas características, reforça a sensação de pertencimento e, principalmente, acende a luzinha do “é possível pra mim também”, rompendo a barreira histórica, cultural e estrutural.
É por isso que dizemos sempre que: Nenhuma conquista de pessoas negras é individual. É uma vitória coletiva!